11 de dezembro de 2008

IX PORTOCARTOON

Embora não tenha relação directa com as tradições de Valongo, achei interessante informar que no próximo dia 12 começará a decorrer no Fórum Cultural de Ermesinde a exposição IX PORTOCARTOON: GLOBALIZAÇÃO que estará patente até dia 1 de Março de 2009.
O cartoon é uma belissima forma de expressar críticas/opiniões. Para quem gosta de cartoon e também para quem não gosta eu recomendo a visualização desta exposição, é bastante interessante e com um tema actual.

11 de agosto de 2008

O pão de Valongo

Durante muitos anos Valongo era conhecido por fornecer pão a muitas outras terras à sua volta, com especial destaque para a cidade do Porto. A história do concelho confunde-se com a própria história do pão, cuja indústria foi sempre muito desenvolvida pelas pessoas da região. De certa forma tinham obrigação de desenvolver um trabalho nesta área, pois possuiam condições para tal. Os campos de cultivo eram férteis e os moinhos nos rios, com a força das águas, moíam o grão e faziam a farinha. Quase não havia uma casa que não tivesse forno para cozer pão, fazer biscoitos, regueifas e bolachas.

Ainda hoje Valongo tem vários moinhos de água para admirar. O da Ponte do Rio Ferreira tem ainda os instrumentos que faziam parte do dia-a-dia de uma das maiores e mais importantes actividades que deu grande crescimento a Valongo: a panificação e o fabrico de biscoitos.

O pão pequenino, designado molete, foi inventado aqui. Durante as Invasões Francesas era em Valongo que se fazia o pão que se comia no Porto. O general francês que comandava o exército inimigo, Molet, era grande apreciador desse pão. Em Valongo, os padeiros já sabiam que todos os dias o pão tinha que estar pronto à mesma hora e quando colocavam as cestas nas carroças que iam para o Porto diziam: Lá vai o pão para o Molete! (Como não sabiam falar francês, era assim que o chamavam.) Desta forma começou-se a chamar de "moletes" aos pãezinhos pequeninos de Valongo.

Em 2005, foi inaugurado o Núcleo Museológico de Panificação que é, também, uma homenagem às padeiras que, de madrugada, saíam de casa com os cestos de pão na cabeça para fazer as entregas.

Igreja e capelas de Valongo

A igreja matriz de Valongo é um templo de meados do século XIX, de nave bastante espaçosa. A abóbada, cilíndrica e de tijolo, com quatro arcos de granito, é pintada em tons dourados. No altar-mor sobressai um painel de grandes dimensões, representando a Assunção da Virgem. Refira-se outros dois grandes painéis, figurando S. João e S. António. No reinado de D. Afonso III, o padroeiro da igreja de Valongo era já S. Mamede. Conta-nos a lenda que certo dia no decorrer de uma procissão saída de Rio Tinto para Valongo, começou a chover copiosamente. Para se abrigarem da chuva, pessoas e andor, recolheram dentro da Igreja de Valongo, de onde o povo valonguense nunca mais deixou a imagem sair. No século XIX, durante as invasões francesas, a igreja matriz serviu de quartel para as tropas.

Uma das mais antigas capelas de Valongo é a Capela de Nossa Senhora das Neves que aparece mencionada no Catálogo dos Bispos do Porto que data de 1620. Com a caridade da população, foi, em 1754, a capela restaurada. Nesta capela encontramos as imagens de Nossa Senhora das Neves, S. Joaquim, S. José, e umas poucas mais.


A Capela de Nossa Senhora de Chãos, edificada num pequeno planalto da serra de Valongo, data de 1625. Como se poderá observar na inscrição escrita sobre a porta principal, esta capela foi mandada construir por Thomé António: “ Esta hermida mandada construir em honra da Virgem, com o auxílio de devotos por Thomé António, natural de Campanhã por haver escapado do naufrágio acontecido na sua vinda do Brasil no ano de 1625. Foi reedificada a expensas de Joaquim Marques da Nova, natural desta vila no ano de 1866.”


A Capela do Senhor do Calvário, do início do Séc. XIX, terá assim sido chamada por se localizar num monte denominado Calvário. Esta capela foi edificada no cumprimento de uma promessa feita por João Monteiro Felgueiras durante das Invasões Francesas. Em troca só pedia que o Lugar da Valga não fosse pelos invasores assolado. Em 1813, ter-se-á começado a sua construção e mais tarde em 1871 foi restaurada e ampliada. Já no fim do século, mais precisamente em 1894, José Gonçalves de Oliveira Reis mandou reedifica-la passando então a apresentar a fachada que hoje tem.


Como monumento religioso, o Cruzeiro do Padrão, também conhecido por Cruzeiro do Senhor do Padrão ou Padrão da Portela é assim descrito pelo P. Lopes Reis: “ É ainda digno de mencionar-se como monumento religioso o Senhor do Padrão se ergue no meio da rua d’este nome na forma de um oblisco de granito de nove metros de altura, tendo na base circuitada por uma grade de ferro a imagem de Santo António, feita na mesma pedra. Do alto da coluna que termina em cruz está pendente a imagem de Jesus Crucificado que foi laborada com uma perfeição inexcedível. Conta-se que os franceses quando aqui passaram, os profanadores das igrejas e blasphemadores de Deus, ao avistarem essa imagem, se descobriram reverentemente. O operário que a fez, dizem, trabalhava apenas uma hora por dia, e só uma paciência extraordinária, podia levar a cabo tão delicada obra. Na face principal do pedestal tem inscrita a seguinte oração: "Bendito e louvado seja o SS. Sacramento da Eucaristia, Fruto de ventre sagrado da Puríssima Virgem Maria”. É "Monumento Nacional" desde 1910.